Portugal continua fechado, e sem previsão de volta
02/20/2021 12:51 PM
Um dos países queridinhos dos brasileiros que desejam imigrar, além dos Estados Unidos, definitivamente é Portugal. E motivos não faltam, seja pela proximidade das culturas, idioma, costumes ou até mesmo a questão da cidadania portuguesa, presente em boa parte das famílias do Brasil.
Mas desde o começo da pandemia, a vida do imigrante tem sido mais difícil do que ele esperava. Afinal, desde que esse problema atingiu a “terrinha”, os aluguéis (conhecidos como arrendamentos) continuam altos, as ofertas de emprego — grande fator que motivava os brasileiros a atravessa o oceano — caíram de forma considerável. Além da alta do Euro, também é preciso lidar com o fato de que não é possível sair de casa, exceto para ir ao mercado, farmácias ou comprar algo essencial, e voltar logo. Simplesmente ficar à toa na rua pode render multa, e bem salgada.
Quem está experimentando essa realidade é a youtuber Cristina Maya, do canal “Vamu Ver!”. Em Portugal desde 2018, ela ainda tem de lidar com os desconfortos de ser imigrante, com a saudade de viajar e tudo isso somado ao confinamento. “As medidas anteriormente adotadas foram renovadas no último dia 15, como era de se esperar. Não houve alterações e por isso o país segue com as fronteiras fechadas e nada mudou quanto ao rigor das regras do Estado de Emergência”, relata.
Cristina recorda que no primeiro fechamento geral, ela se arriscou a fazer compras de supermercado on-line, mas não é um hábito corriqueiro. “Tentei novamente comprar o que precisava dessa forma, afinal esse tipo de estabelecimento fecha às 17h00 aos sábados e ficaria muito corrido. Outro ponto que me deixou chateada é que alguns itens selecionados não foram entregues, o que gera transtorno para quem está contando com tal ingrediente para um determinado preparo”, aponta.
Agora, ela não pode ir mais à academia, mas continua a ir à Lisboa para fazer os tratamentos médicos. “O máximo que eu faço é passear com os cães, além da caminhada higiênica, nome dado aos portugueses para quem tem como propósito se exercitar. Meu marido também só deixa a nossa casa para trabalhar. Além do salário, o expediente também foi reduzido. Boa parte dos trabalhadores perdeu os seus empregos”, lamenta Cristina.
Além de todos esses desafios, a youtuber tem que lidar com a questão emocional. Muitas pessoas que ela conhece decidiram voltar para o Brasil. Alguns ficaram apenas quatro meses, outros três anos, mas agora decidiram voltar para o país de origem. “E essas famílias muitas vezes são donas de animais de estimação, mas por conta da questão financeira, não conseguem levar o animal de volta e precisam doá-los, e isso me afeta profundamente”, afirma.
Para reverter isso tudo e sentir-se mais positiva e animada, ela concentra esforços no crescimento dos seus canais no YouTube. Além do Vamu Ver! que possui mais de 33 mil seguidores e tem o maior engajamento de público adulto, Cristina se dedica a mais três canais, um voltado para exercícios da língua inglesa, outro para Youtubers e criadores de conteúdo e mais um sobre vídeos engraçados dos seus animais de estimação. “Vamos lançar duas séries novas, com material inédito e de quatro anos de gravações, material esse de quando ainda eu nem sonhava em ser influencer. Vai ajudar as pessoas a se planejarem para as suas próximas aventuras mundo afora. Quando fico de frente para o computador, principalmente durante as lives de que participo ou respondendo a algum contato, é muito gratificante porque aquela troca de informação e de experiência é maravilhosa, o que me deixa mais leve e motivada”, comenta.
Sobre o lockdown, Cristina Maya comenta que há alguns pontos com os quais não concorda. “No primeiro, eu estava mais passiva, mas agora nem tanto. Algumas medidas adotadas pelo governo português, e que foram obrigatórias, eu e muitos não estamos acatando. Mas tenho que respeitar e lidar com isso, afinal escolhi o país para morar porque consegui o título de residência e principalmente por ser um território que permite a livre expressão”, relata.
Na última coletiva de imprensa, o primeiro-ministro António Costa começou a explanação ressaltando três tópicos básicos, sendo dois deles sobre a vacina e as variantes do vírus. “Costa enfatizou que as empresas farmacêuticas reduziram o número de lotes de vacinas a serem enviados para a União Europeia, não cumprindo assim o que está estabelecido no contrato, ou seja, metade da quantidade que estava estipulada. As pessoas serão diretamente afetadas com essa redução, e os calendários de vacinação podem sofrer atrasos”, explica a influenciadora digital na postagem feita no seu site.
Ele elogiou o esforço do povo português e falou sobre a questão do fechamento, mas não menciona nada em específico sobre a economia e uma possível crise financeira. “Não há previsão de desconfinamento, nem para a reabertura das fronteiras, nem de retomada de aulas presenciais nas escolas”, relatou o primeiro-ministro.
Quando questionado sobre a proibição de venda de certos itens que foram classificados pelas autoridades como não essenciais, Costa afirmou que nada vai mudar, apenas a liberação da venda de livros escolares. “O primeiro-ministro ressaltou que o essencial é que o povo respeite as medidas e que o Carnaval e a Páscoa serão atípicos esse ano”, conclui Cristina.