Apesar do aumento de representatividade, mulheres ainda sofrem discriminação no mercado musical
12/03/2021 10:35 AM
Dj Ilka Oliver comenta sobre as dificuldades de inserção dentro do mundo da música, historicamente dominado por homens
Quando se fala em representatividade feminina, pode-se problematizar diversos aspectos que ainda são enfrentados por mulheres em diferentes áreas de atuação. Especificamente no ramo da música, de acordo com relatório da União Brasileira de Compositores (UBC), entre 2018 e 2021, houve um aumento de 68% no número de mulheres associadas. Porém, apesar do crescimento, 80% das entrevistadas relataram sofrer com algum tipo de preconceito ou discriminação.
Uma outra pesquisa realizada pela Semana Nacional da Música (SIM), revelou que 84% das mulheres da indústria musical brasileira já foram discriminadas e 21% não se sentem confortáveis no ambiente de trabalho. Os preconceitos aparecem de diversas formas e vão desde a objetificação do corpo até o questionamento da capacidade de realização de metas. “Existe uma forte discriminação dentro da área, é um ambiente historicamente dominado por homens”, relata a DJ Ilka Oliver.
Dados de 2019 da ONG Women In Music (WIM) apontam que apenas 30% do setor musical do mundo é composto por mulheres e, mesmo assim, apenas 10% das artistas femininas são convidadas para apresentações em festivais. No famoso festival Lollapalooza de 2019, por exemplo, das 68 atrações, apenas 11 eram femininas ou continham mulheres nas bandas.
Para a DJ Ilka Oliver, os preocupantes dados podem ter raízes históricas que devem ser combatidas a todo custo. “Acredito que as mulheres sempre foram vistas como as ‘musas inspiradoras’ dos homens. Mas, acho que já passou da hora de mostrarmos que podemos produzir arte também. Iniciei minha carreira em 2007 e sigo lutando para conquistar o meu espaço”, afirma a artista.
Mesmo com os dados desanimadores, Ilka acredita que há espaço para grandes transformações no mundo musical. “Temos grandes artistas quebrando paradigmas, tanto no Brasil, quanto internacionalmente. Espero que, em breve, deixemos de ser tão invisibilizadas pelo mercado que tanto precisa de nossas inovações e talentos”.