Por que Wagner Moura tem chances no Oscar
06/02/2025 10:41 AM

Após o histórico triunfo de Ainda Estou Aqui, que garantiu ao Brasil sua primeira estatueta de Melhor Filme Internacional no Oscar, as atenções agora se voltam para O Agente Secreto, novo filme de Kléber Mendonça Filho, e para seu protagonista, Wagner Moura. E se a torcida já começou nas redes sociais, há razões concretas para acreditar que o caminho do ator baiano leva mais facilmente ao Oscar do que ao Emmy.
A primeira pista veio de Cannes, o festival de cinema mais prestigiado do mundo, onde O Agente Secreto conquistou dois prêmios importantes. Historicamente, filmes que saem premiados de Cannes costumam ganhar força na temporada de premiações, especialmente na corrida pelo Oscar. Foi assim com obras como Parasita, Amour e A Vida é Bela, que, além de vencerem ou serem premiadas em festivais, chegaram ao Oscar com indicações em categorias principais, incluindo atuação.
O Emmy, por outro lado, premia produções feitas para a televisão ou streaming. E O Agente Secreto é um filme de cinema, não uma série nem um telefilme, o que o exclui automaticamente da disputa pelo Emmy. Assim, qualquer menção ao nome de Wagner Moura na temporada será, necessariamente, nas premiações de cinema — Oscar, BAFTA, Globo de Ouro e afins — e não nas de televisão.
Outro fator que impulsiona as chances de Wagner Moura é a própria tradição recente da Academia em reconhecer performances internacionais. Após anos de resistência, o Oscar tem mostrado uma abertura crescente para atores que não atuam em inglês, como aconteceu com Penélope Cruz, Marion Cotillard, Antonio Banderas e, mais recentemente, com Song Kang-ho, de Parasita.
No caso de Wagner, a vitória em Cannes é um selo de qualidade que, na prática, funciona como uma primeira triagem de prestígio para a temporada. O caminho até a nomeação envolve campanhas, exibições para votantes, entrevistas e uma boa dose de articulação internacional — algo que, vale lembrar, já foi realizado com sucesso por Kléber Mendonça Filho nas campanhas de Bacurau e Aquarius.
Claro que há desafios. Primeiro, O Agente Secreto precisa ser escolhido pelo Brasil como candidato oficial ao Oscar de Filme Internacional — um processo competitivo que, em tese, pode ter outros postulantes. Depois, vem a missão ainda mais difícil: transformar o reconhecimento de Cannes em buzz suficiente para atravessar a temporada e chegar às listas de indicados da Academia.
Mas, se os precedentes contam — e contam muito —, Wagner Moura não está sozinho. Cannes já foi, sim, um trampolim direto para o Oscar. E para quem acha que é cedo, vale lembrar: a temporada já começou.