O cineasta Quentin Tarantino, oito vezes indicado e duas vezes vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original — por Pulp Fiction (1994) e Django Livre (2012) —, já perdeu o controle em um set de filmagem por causa de um telefone celular. O incidente foi tão marcante que levou o diretor a proibir o uso de aparelhos eletrônicos em todas as suas produções seguintes.

Durante as gravações de um de seus filmes, o toque de um celular interrompeu uma cena crucial. Irritado, Tarantino teve um surto de raiva. Pouco depois, um assistente de direção o lembrou de um detalhe importante: “Nós demos os celulares para eles; podemos pegá-los de volta”. Foi exatamente o que ele fez — confiscou todos os telefones da equipe.

Desde então, nenhum celular é permitido nos sets de Tarantino. Além dos telefones, a proibição se estende a laptops e outros dispositivos. Em todos os seus filmes após Kill Bill — incluindo À Prova de Morte (2007), Bastardos Inglórios (2009), Django Livre (2012), Os Oito Odiados (2015) e Era Uma Vez em… Hollywood (2019) —, o diretor implementou uma regra rígida chamada “Ponto de Inspeção Charlie”.

O “Charlie” é um membro da equipe responsável por recolher todos os celulares no início do dia e devolvê-los ao final das filmagens. Para quem precisa manter o aparelho carregado, o “Charlie” cuida disso — mas ninguém tem o telefone em mãos durante o trabalho.

Tarantino acredita que os smartphones distraem e afastam as pessoas, prejudicando o ambiente criativo no set.

“Os smartphones estão por toda parte. As pessoas não estão realmente ali, mesmo quando estão. Estão atualizando páginas, vendo coisas… não estão presentes. Antes, as equipes eram como uma família. Hoje, cada um está sozinho no seu mundo digital”, observou o diretor.

A política pode parecer rígida, mas, para Tarantino, é essencial para preservar a concentração e o espírito de equipe que ele considera fundamentais para o cinema.