Jake E. Lee voltou a comentar sobre o incidente que quase lhe tirou a existência. Em uma entrevista recente com Chris Jericho no programa Talk Is Jericho, o antigo músico de Ozzy Osbourne recordou o caos daquela madrugada em Las Vegas.

Lee foi atingido três vezes em um confronto armado ocorrido a cerca de 16 quilômetros da avenida principal, no dia 15 de outubro de 2024. Ele acabou sendo levado às pressas para a unidade de tratamento intensivo do hospital Sunrise, onde permaneceu sob supervisão médica por alguns dias.

O instrumentista, conhecido por sua reputação de resistente, afirmou que ainda se surpreende por ter sobrevivido. Quando Jericho perguntou sobre o que realmente se passou naquela ocasião, Jake rememorou:

“Eu estava caminhando com meu animal de estimação. Era — não sei — 2h30 da manhã, 3h da manhã, algo assim. Porque era meados de outubro, e no ano anterior fazia calor. Ainda marcava uns 27 graus à noite, às 3h. É quando eu costumo sair com meu companheiro canino; é quando sempre fazemos nossos passeios. Normalmente o clima é mais agradável e silencioso. Estávamos andando. Eu notei dois rapazes na entrada da garagem, com os capuzes abaixados, observando uma motocicleta que estava na frente da residência do meu vizinho. Então me aproximei, eles me viram e disseram: ‘Putz!’”

“Eles começaram a seguir pela rua rapidamente, mas indo na mesma direção que eu, rumo à minha casa. Continuei andando, com um pitbull de 38 quilos. Eu prosseguia, e eles olhavam por cima do ombro — e, em certo momento, acho que imaginaram que eu os estava perseguindo, quando, na verdade, eu apenas voltava para o meu lar. Finalmente, eles se viraram e apontaram lanternas para os meus olhos, dizendo: ‘Você precisa se virar e sumir daqui.’ [E eu respondi:] ‘Vocês é que devem dar meia-volta e sair daqui. Este é o meu bairro. Vocês não fazem parte deste lugar.’”

“E aí começou uma troca de provocações. Logo percebi que eram garotos. Eram franzinos, e eu não senti temor algum. Além disso, estava com meu cão. Achei que não iria acontecer nada sério. Disse: ‘Olha, eu vou por ali. Por que vocês não vão também? Assim a gente encerra a noite.’ Eles não responderam, apenas: ‘Tudo bem. Vou começar a andar.’ Eu me afastei e olhei para ver se faziam o mesmo. Um deles ficou parado, me encarando. Disse: ‘Chega. Continua andando, idiota.’ E isso me irritou. Me irritou de verdade. Virei e pensei: ‘Seu covarde.’”

“Aí escutei disparos. Eu não tinha visto nenhuma arma antes disso. Obviamente, teria agido diferente se soubesse que havia uma pistola envolvida. Primeiro vi clarões — os clarões foram a primeira coisa que percebi. Depois, ouvi o som dos tiros e das balas passando. Pensei: ‘Que estranho. Estou ouvindo os projéteis ali.’ Olhei para baixo e vi meu cachorro bem perto. Pensei: ‘Eles estão tentando acertar meu animal.’ Soltei a coleira e disse: ‘Volta para casa.’ Ele obedeceu sem hesitar, e eu fiquei observando. O sujeito continuou disparando contra meu companheiro. Felizmente, o bicho não foi atingido, porque isso teria me destruído emocionalmente ali mesmo.”

“Mas quando ele percebeu que não acertava o cachorro, senti uma ardência no antebraço. Pensei: ‘Droga. Fui atingido de raspão.’ Logo depois, senti como se algo tivesse me acertado nas costas. Então pensei: ‘Ok, é hora de correr.’ Comecei a correr e fui ferido no pé. O projétil entrou pelo calcanhar e saiu perto do dedão. Foi uma sensação estranha — parecia que eu havia pisado num vibrador. Nenhum dos tiros doeu, o que me intriga até hoje. O do braço foi só uma queimação. O das costas, um empurrão. E o do pé parecia como pisar descalço num vibrador. Não era dor, só uma sensação esquisita.”

“Caí no chão, e enquanto estava ali, só conseguia pensar: ‘Isso realmente aconteceu? Que estranho. Que irreal.’ Então a dor começou a aparecer, e percebi que precisava chamar o serviço de emergência (190 ou 911, dependendo do país).”